Câmara aprova denominação de via pública do Residencial Viva Mais Novo Horizonte III como "Maria Ribeiro Laia Cristovão"
Publicado por: Brunara Ascencio - Jornalismo CMNH
Publicado em: 22 de dezembro de 2020
O Plenário do Legislativo aprovou, por unanimidade dos presentes, na sessão extraordinária realizada na segunda-feira (21), o Projeto de Lei nº 6.041/20, do vereador Nelson Luiz Benevenuto (Nelsinho Luiz), que denomina a rua 16, constante do Residencial Viva Mais Novo Horizonte III, como "Maria Ribeiro Laia Cristovão".
O edil contou parte da história de vida de sua homenageada, natural da pequena aldeia do Espinho Grande, Município de Proença-a-Nova, no centro de Portugal; filha de Berta Ribeiro Laia e Joaquim Cardoso, era a mais velha das seis irmãs Maria do Céu, Palmira, Ana, Terezinha e Maria de Fátima.
"Como muitas famílias da região, a de Maria vivia do pastoreio de cabras e do cultivo de produtos como oliveira e pinheiros e, para estudarem, as irmãs precisavam andar um longo percurso até a pequena escola de Proença-a-Nova. Já mocinha, Maria se apaixonou por Luís, da vizinha aldeia da Moita do Pinheiro, mas quis o destino que o noivo precisasse deixar o país e seguir para o Brasil, onde já se encontrava um irmão, para escapar da difícil situação econômica daquele país na década de 50 do século passado", iniciou.
Segundo o edil, Maria esperou e, poucos anos depois, após Luís já ter algum patrimônio no Brasil, onde se estabeleceu na cidade de Novo Horizonte, decidiu trazer a noiva, mas, como naquela época dificilmente uma mulher solteira cruzaria o Atlântico sozinha, foi acertado um casamento por procuração, Maria se vestiu de noiva na pequena aldeia onde nasceu e teve o marido representado oficialmente por seu futuro cunhado, um dos irmãos do então noivo.
"Chegando ao Brasil, Maria foi residir com seu marido Luís em uma casa na rua 28 de Outubro e logo depois em uma chácara na Avenida da Saudade. Nessa época, Luís já possuía o Armazém Santa Cruz, na esquina da rua Coronel Junqueira com a rua Trajano Machado, a Fecularia São Cristovão, instalada na chácara onde moravam, e propriedade agrícola. Luís trouxe outros parentes e conhecidos de Portugal para ajudá-lo nos negócios e a esposa era o esteio que recebia e auxiliava a todos em sua residência até que estivessem devidamente instalados no Brasil e em Novo Horizonte", salientou.
Nelsinho lembrou que Maria e Luís já tinham quatro filhos: Luís Antônio, Florindo, Fátima e Assunção, quando o casal decidiu voltar a Portugal para visitar a família e, infelizmente, no período entre os preparativos e a efetiva viagem de navio, que demorou pouco mais de 20 dias, os pais de Maria faleceram, o que obrigou o casal a ficar em Portugal por alguns meses para cuidar de todo o processo burocrático resultante dos falecimentos e para que organizassem o destino das irmãs.
"Voltando ao Brasil, a família trouxe consigo Terezinha e Maria de Fátima, que viriam a se casar, mais tarde, com dois dos portugueses trazidos por Luís para o Brasil. Algum tempo depois da chegada, nascia o quinto filho do casal, Antônio Carlos, conhecido por Português", afirmou.
O vereador destacou que, no dia 15 de janeiro de 1969, com cinco filhos pequenos, Maria perdeu o marido em trágico acidente na rodovia Washington Luís, na região de Araraquara, na volta de uma viagem a São Paulo, onde tinha acabado de comprar material de construção para a casa que estavam construindo na rua São José. "A pastora de cabras, apenas com o ensino correspondente ao primário, com cinco filhos, precisou enfrentar a nova situação para, praticamente sozinha, criar a sua família. Precisou vender o patrimônio do marido, mas acabou perdendo todos os seus bens nessa transação, o que levou a família a enfrentar momentos de muita dificuldade. Luís, o mais velho, precisou se emancipar para oficialmente cuidar do Sítio São João das Palmeiras, o único bem que restou por ter sido comprado já no nome dos herdeiros", ressaltou.
De acordo com o edil, aos poucos, Maria foi conseguindo se recuperar não apenas da morte do marido, mas também da perda de grande parte do seu patrimônio. "Com uma força impressionante para alguém nessa situação, conseguiu não apenas criar os filhos, mas também ser querida e admirada por todos em Novo Horizonte, amigos que a conheciam pelo nome que adotou no Brasil: Maria Ribeiro Laia Cristovão ou, simplesmente, Maria Cristovão", observou.
Nelsinho salientou que Luís, Florindo e Antônio Carlos ficaram em sua cidade natal, onde formaram família e até hoje atuam no ramo agrícola e de pecuária; Fátima formou-se em Fonoaudiologia e Assunção em Jornalismo, e ambas trabalharam em suas áreas, a primeira em Rio Claro e a segunda em Araraquara, onde também firmaram residência; todos constituíram família e deram nove bisnetos para Maria.
"Em 2007, a portuguesa radicada em Novo Horizonte começou a apresentar sinais de uma doença neurodegenerativa, que a levou à morte três anos depois, em 26 de abril de 2010, deixando em todos, filhos, irmãs, parentes e amigos, uma profunda saudade", finalizou.
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Tramitação
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